E ele, sorrindo, tomou as mãos de cada um e os encaminhou para o grande salão. E a luz de seu coração foi igualmente dividida entre todos os que estavam ali presentes.
Os cegos, os leprosos, os loucos, as prostitutas, os burgueses, os mendigos, os homossexuais, os políticos, os intelectuais, as crianças, os velhos, os solitários, os adolescentes, os detentos, os operários, os poetas, os deficientes, os impotentes, os onipotentes, os desiludidos, os iludidos, os carcomidos, os remanescentes... gente de toda cara, de toda tara, de toda fé, de toda beleza, de todo corpo e alma...
E ele falou sobre a salvação e o encontro de um reino mais justo dentro de cada um, pediu a todos que se abraçassem, se tocassem, e tentassem caminhar juntos dentro de seu próprio ritmo e harmonia. Que dançassem a música do aqui e agora e procurassem sentir o milagre de existir dentro do todo, totalmente entregues aos mandatos do coração.
Com o passar dos tempos eles, unidos por uma roda, já podiam se olhar abertamente nos olhos, seus corpos já possuíam o calor do ninho, a liberdade e leveza resgatados da verdade de cada uma, o brilho animal que carregavam... O tempo então parecia eterno e o espaço aberto e maior.
E a roda foi aumentando, tanto que só o salão da vida pode comportar.
No primeiro ficam enterrados o esqueleto de infinitas e múltiplas máscaras.
E o mundo daí pode continuar em paz e crescer feliz.
* Palavras sensíveis da artista e poeta Cecília Borelli Barros, sobre a Biodança e seu criador Rolando Toro.